Abertina Alage
Mulheres na Agricultura: Seu empoderamento através das Escolas na Machamba do Camponês
As mulheres representam 43% da força de trabalho agrícola global, destacando ser necessário analisar privilegiadamente o seu papel na agricultura, na família e nas comunidades (FAO, 2011). Em Moçambique mais de 80% da força de trabalho na agricultura é feminina (INE, 2011). A Agenda 21 preconiza um desenvolvimento integrado e inclusivo, incentivando a participação de todos os actores sobretudo os grupos vulneráveis, alertando sobre o papel das mulheres e a importância da sua participação nos processos de tomada de decisão. Ainda que o trabalho das mulheres seja geralmente secundarizado ou negligenciado, constata-se que elas são mais persistentes na luta pela sobrevivência e na produção agrária, mesmo em condições difíceis (Pellizzoli, 2009). O presente trabalho analisa a participação da mulher no desenvolvimento agrário a partir da análise das Escolas na Machamba do Camponês (EMC), tendo sido objecto de análise as EMC de Magude na Província de Maputo e experiências decorridas noutras províncias do Pais. Os resultados indicam que as EMC permitem o fortalecimento do capital humano, social, financeiro e natural das mulheres envolvidas nas suas actividades, revelando a sua participação efectiva nas fases de implementação curricular. As EMC assumem-se como escolas de vida pois permitem adquirir competências para além do sector agrário: aprende-se a lidar com vários aspectos, buscando soluções para os desafios; orientação para observação, interpretação, avaliação, liderança e gestão; há retenção das práticas e tecnologias disseminadas nas EMC. Como evidência do seu papel, várias organizações servem-se das EMC para promoverem intervenções reconhecendo a capacidade organizacional, à altura do que se pretende incluindo cometimento.
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