Na sequência da colaboração de vários
anos em alguns projectos nesta área, a AEP, e a Universidade
Aberta, decidiram organizar um Seminário Internacional para debater
este tema e trazer aos empresários, aos decisores políticos,
aos educadores/formadores e ao público em geral, não só
as linhas gerais da problemática, como muito concretamente a
experiência e soluções que empresários, políticos
e investigadores de outros países europeus têm desenvolvido
neste domínio e os resultados que têm obtido.
Aposta na Internacionalização
da economia
A AEP tem promovido intensamente, ao longo dos últimos
anos, diversas iniciativas no sentido do reforço da internacionalização
das empresas e, consequentemente, da economia nacional.
A Universidade Aberta tem igualmente desenvolvido diversas iniciativas,
nomeadamente projectos internacionais e produtos educativos com o objectivo
de melhor conhecer o panorama nacional de forma a propor cenários
de intervenção, produzir materiais que possam apoiar os
empresários nesta tarefa e aumentar a sensibilidade para este
aspecto da internacionalização da economia portuguesa.
Convidados partilham experiência
Participam neste Seminário alguns representantes britânicos
que irão apresentar a sua – já longa – experiência,
como o Prof. Dr. Stephen Hagen, da Universidade de Warwick, Robert Hawkham,
da UK Trade & Investment e Robin Godfrey, da Câmara de Comércio
Britânica. Estes convidados irão partilhar as diversas
iniciativas de apoio aos empresários e os seus resultados, estudos
existentes sobre este problema, soluções já em
pleno funcionamento e a experiência prática dos empresários.
Participam ainda Martina Diegmann da Câmara de Comércio
da Irlanda, que está neste momento a implementar um programa
de apoio aos seus empresários e ainda Gudjon Svansson do Trade
Council da Islândia que prepara a implementação
de um programa similar.
Estarão assim presentes neste Seminário diversas etapas
de um mesmo processo, constituindo uma oportunidade valiosa de compreender,
não apenas os recortes multifacetados da problemática
das línguas e culturas no contexto da exportação,
como os seus aspectos práticos, quer da implementação
de iniciativas estruturais a nível nacional, quer dos desafios
que se colocam a nível das empresas, quer ainda das implicações
para o público em geral, face à crescente internacionalização
do mercado de trabalho. As competências em línguas e o
conhecimento das culturas dos mercados de exportação constituem
um dos aspectos fundamentais para o sucesso duma estratégia de
internacionalização.
As línguas e culturas são realmente importantes
para os negócios internacionais?
Apesar de aparentemente não suscitar dúvidas a ideia de
que é necessário dominar outra(s) língua(s) para
obter sucesso na exportação, a verdade é que nem
sempre esta realidade é abordada duma forma planeada e consequente
por forma a sustentar os planos de expansão das empresas.
Mais, mesmo que a empresa deseje obter competências linguísticas
(seja por contratação, seja por formação
dos seus quadros) depara-se com as mais diversas barreiras, como a inadequação
dos currículos dos cursos à realidade das empresas, dificuldade
em encontrar pessoas ou cursos adequados aos seus mercados-alvo, etc.
indicando claramente que o problema não pode ser resolvido por
um empresário, nem sequer pelos empresários no seu conjunto,
pois abarca muitos outros domínios, principalmente o do Estado,
no seu papel de sensibilização – das empresas, das
instituições e das pessoas em geral, no seu papel de gestor,
no papel de planificador da Educação/Formação,
da Economia, etc.
Da mesma forma, no plano das culturas, os empresários defrontam-se
com problemas, ainda mais graves do que no caso das línguas.
Na verdade, não existem em Portugal abordagens às culturas
de outros países que sejam orientadas para os contactos internacionais
de negócio. Facilmente se encontram planos de estudos vocacionados
para as literaturas, artes, etc. de alguns países, mas não
são estes os aspectos que os empresários necessitam dominar
para a preparação da entrada dum produto num determinado
mercado, ou os cuidados especiais para negociar com um cliente de determinada
nacionalidade, ou as formas mais atraentes de embalar os seus produtos
para uma boa aceitação em determinado país.
Porém, não restam dúvidas que as economias –
especialmente para países como o nosso – não se
podem desenvolver apenas contando com o seu mercado interno.
Como os participantes britânicos irão
testemunhar, nem sequer um mercado com a dimensão da totalidade
dos países anglófonos pode oferecer garantias de prosperidade.
A internacionalização é um imperativo de sobrevivência
e as línguas e culturas representam um factor de relevo para
o seu sucesso.